Uma
das mais notáveis características dos seres
humanos é a capacidade de raciocinar e agir influenciados
(ou não) por emoções. Pareceu estranho?
Com duplo sentido?
Emoções
são parte natural da nossa vida e intrinsecamente conectadas
com os nossos "sensores de bem estar". Elas foram
desenvolvidas através da nossa evolução
como ferramentas para a nossa sobrevivência dentro do
ambiente que nos circundava, sempre tendo em vista as nossas
necessidades e desejos.
Nesse
contexto, um evento externo ocorrendo em nosso ambiente pode
"disparar" uma determinada emoção.
Algumas vezes, na verdade muitas vezes, não é
necessário nenhum evento externo para sentirmos uma
determinada emoção. Nossas próprias mentes
podem desencadear uma sequência de idéias que
vão gerar essas emoções.
Aqui
notamos um ponto bastante interessante. Embora eventos externos
aparentemente possam desencadear emoções, na
verdade, mesmo nesses casos, a emoção, propriamente
dita, é gerada pelo mesmo princípio interno,
isto é, pela maneira que interpretamos o evento em
nossas, mentes. Ou seja, as emoções são
geradas sempre pelo desencadeamento de idéias disparado
por um pensamento ou pela interpretação de um
evento percebido pelos nossos sentidos.
Portanto,
nenhum evento externo, ou pessoa, pode nos forçar a
sentir alguma emoção. É a nossa interpretação
daquele evento, ou comportamento, que irá "gerar"
uma determinada emoção que, por sua vez, irá
desencadear uma outra sequência de idéias que
pode amplificar ou eliminar aquela emoção. Para
nossa melhor performance, podemos interferir racionalmente
na construção da primeira sequência de
idéias (antes da emoção), ou na segunda
(após a emoção).
Lembre-se
que a nossa atitude é um reflexo das nossas idéias.
Mais ainda, as nossas ações são reflexos
da nossa atitude. Mais ainda, os resultados que temos hoje,
ou que vamos conseguir no futuro são diretamente ligados
às nossas ações e decisões.
Ou seja, tudo, na realidade, começa com um pensamento
e uma emoção.
Contudo,
é clara a prioridade natural que imediatamente surge
depois de um evento e/ou seu respectivo pensamento desencadeador
e a influência das emoções em nosso comportamento
posteiror.
No
caso de emoções boas, isso é bom e produtivo.
Gostaríamos de amplificar e extender a sensação
agradável. No caso de emoções ruins,
queremos nos livrar o mais rápido possível,
visto que geralmente reduzem nosso desempenho e bem estar.
Em
um vôo espacial, por exemplo, não podemos deixar
nossas mentes "vagarem" desencadeando pensamentos
de possíveis falhas, explosões, etc. Existem
muitas dessas possibilidades, é claro, mas o nosso
foco deve ser nos fatos e não nas possibilidades e
devaneios paranóicos. Usamos foco nos procedimentos
normais para evitar idéias ruins e o foco no treinamento
de emergência para nos livrarmos das eventuais emoções.
Um
exemplo típico na vida de todos nós é
a sensação de "perda de controle"
que de tempos em tempos surge em alguma área importante
das nossas vidas. Por exemplo, se você "sentir"
que a sua vida é controlada por dívidas, pelo
seu chefe, ou por um relacionamento ruim, ou pelo comportamento
de outras pessoas, etc, o desencadeamento de pensamentos ruins
disparado pelo processo gera o chamado "stress",
manifestado por emoções como raiva, ansiedade,
medo, insegurança, etc. Se você não toma
nenhuma atitude para corrigir o problema, com o tempo surgem
sintomas facilmente observáveis, como insônia,
depressão e até mesmo doenças sérias.
Para
solucionar o problema, você precisa sentar, ser honesto
com você mesmo, buscar a raiz desse sentimento de falta
de controle, definir um plano de ação e corrigir
o problema. Deixar de se sentir vítima e tornar-se
responsável pela sua vida.
Como
isso tudo começa com uma idéia, um pensamento,
uma semente boa ou ruim na sua mente, fica evidente que é
essencial aprendermos a controlar nossos pensamentos. Primeiro,
para reduzir o desencadeamento de pensamentos que geram emoções
ruins. Segundo, caso a nossa interpretação de
um evento tenha disparado uma emoção ruim (e
isso é plenamente natural e inevitável em 100%
dos casos), para rapidamente racionalizar a situação
e trazer nossos pensamentos de volta para o equilíbrio
estável.
Ou
seja, auto-disciplina, auto-controle, auto-conhecimento, paz
interior, tudo começa com assumir o controle dos nossos
próprios pensamentos.
Tipicamente
existem dois modos de se reassumir o controle de uma situação:
planejar e usar o necessário para mudar a situação,
ou simplesmente deixar a situação para trás
e abandonar (realmente, sem pensar no assunto depois!).
Algumas
vezes o melhor a fazer é apenas abandonar. Se você
já deixou um emprego desagradável ou um relacionamento
turbulento, você sabe o que estou dizendo. De repente,
você nota que o que o perturbava não era o relacionamento
em si, mas o fato de querer tentar mantê-lo por orgulho,
ou outra razão qualquer.
Para
decidir o que fazer, é preciso saber claramente "qual
é o seu objetivo maior". A congruência ou
não daquela "tentativa de controle" com esse
objetivo vai determinar a sua melhor escolha. |